A POBREZA É ACIMA DE TUDO UMA MENTALIDADE


A POBREZA É ACIMA DE TUDO UMA MENTALIDADE

Quando definimos genericamente o termo pobreza encontramos as seguintes ideias:

a)      A carência de bens e serviços essenciais, como alimentação, vestuário, alojamento e cuidados de saúde;
b)      Carência de rendimentos e recursos econômicos;
c)      Que não tem as condições básicas para garantir a sua sobrevivência com qualidade de vida e dignidade;
d)      Até a chamada carência social, a incapacidade das pessoas que participarem de modo igualitário na sociedade.

Encontramos também que a palavra "pobre" veio do latim "pauper", que vem de  pau = "pequeno" e pário = "dou à luz", e, originalmente referia-se a terrenos agrícolas ou gado que não produziam o desejado. Portanto, subjaz a ideia de insuficiência.
Todas as definições de pobreza, fundamentalmente, serão sempre condicionadas pela falta de recursos e de acessos, e isso significa que a pobreza é e sempre será comparativa. Em outras palavras, é pobre aquele e aquela que, comparados economicamente com outros, está em uma situação social inferior aos que mais possuem que ele ou ela.

Essa comparação não é correta e justa, pois não leva em consideração vários fatores positivos sobre os que têm mais recursos do que outros, de estarem nessas posições. Paralelamente e igualmente, também não se admitem as condições negativas e reais que levaram os que menos possuem ao estado no qual se encontram. É uma comparação extremamente superficial e frágil, não conseguindo nos mostrar a realidade e genuinamente fatos verdadeiros.

O que queremos dizer com isso? Muitas pessoas têm recursos financeiros, acessos e riqueza, porque trabalharam e trabalham muito duro para terem o seu patrimônio. Estes, normalmente, acordam mais cedo, trabalham mais horas, levam trabalho para casa, pensam mais sobre como potencializar sua renda, estudam mais, criam mais, testam muitas ideias, mesmo sem sucesso, empregam pessoas, pagam impostos, não se rendem aos fracassos que sofrem e coisas semelhantes a estas.

São elementos positivos, que fazem com que uma parcela das pessoas sejam ricas e possuam mais que outras, e isso não deve ser visto de maneira negativa em hipótese alguma, porque é o caminho natural do enriquecimento pessoal. Estas pessoas não podem ser consideradas malignas ou perversas, nem culpadas pela pobreza dos outros, tampouco, não podem sofrer o dano de “pagar o pato” pelos custos de sustentar aqueles ou aquelas que não estão dispostos a fazerem o mesmo para ascenderem na vida.

Da mesma forma, muitas outras pessoas não estão motivadas pessoalmente a ascenderem na escada social por diversos motivos. Elas não gostam de estudar, isso é um fato, não tem a ver com ser rico ou pobre; há os que não aceitam trabalhar largas horas; outros não se submetem a determinados trabalhos por considerarem humilhantes; alguns rejeitam serem chefiados e a estarem debaixo de autoridade, que, pensando um pouco melhor, seria um excelente lugar para aprenderem a crescer. Existem inúmeros motivos, justificados ou não, para que pessoas não sejam ricas ou abastadas, não sendo o caso de herança ou sorte. É pessoal.

Há ainda outro agravante social. Uma parcela de nossa população jovem abandona os estudos bem cedo, e este abandono não se dá por causa do trabalho, ou seja, não é porque passaram a trabalhar para ajudar nas despesas domésticas, mas por uma ridícula justificativa emocional: falta de estímulo para continuar na escola. Isso não se dá porque a nossa educação não tem qualidade, porque os professores são sem qualificações ou porque não temos vagas, pois acima de tudo, nossa escola é gratuita. O desestímulo acontece por outros fatores, por aqueles que os pesquisadores, políticos e certas mídias insistem em não mencionar.

Alguém com mais de 45 anos hoje acreditaria numa desculpa dessa? Esta é uma falácia e uma declaração das mais absurdas de se ouvir. Nós, os mais velhos, jamais daríamos este tipo de desculpa para não estudar, mesmo porque, nossos pais, nunca permitiriam tal coisa, sob a pena de nos “castigarem” se insistíssemos na conversa. Para a maioria dos mais velhos que estudaram, deixar de fazê-lo nunca foi uma opção que nos tenha sido dada. Alguém enganou essa geração que se perde. Estas coisas geram grande pobreza no país.

Vamos ao ponto nevrálgico: a pobreza real. Sim, existem pessoas que são de fato pobres por fatores que fugiram ao seu controle. Verdadeiramente não tiveram acesso à educação quando crianças por habitarem em localidades inacessíveis; pais que não se educaram e simplesmente reproduziram o mesmo nos filhos, nunca os estimulando aos estudos; pessoas que tiveram que escolher desde cedo a trabalhar para se sustentar ou ajudar o sustento da casa, por isso, o tipo de trabalho a que se submeteram sempre foi o de ganhos menores e há aqueles e aquelas que foram vítimas do abandono e lançados na vida sem qualquer fonte de apoio ou sustentação familiar ou emocional. Esses são os verdadeiros pobres e o número é, em nossos dias, relativamente pequeno. São 7,4%[1] os que vivem abaixo da linha da miséria no Brasil. De uma população de 208 milhões, o número é bem pequeno.

Para estes, as políticas públicas de enfrentamento à pobreza e miséria são válidas e essenciais. Por estes, ricos e classe média não têm desculpas para se omitirem ao apoio completo e total a fim de que sejam assistidos em toda a sua necessidade. Por estes, nossa solidariedade e amor devem e sempre devem estar dispostos a estender a mão e a promover movimentos e programas que lhes mantenham a dignidade da vida e da pessoa humana. Aos verdadeiros pobres, aos reais necessitados, nosso dever cívico e humano está com eles.

Há muito o que fazer; há muita mentalidade de pobreza a ser eliminada nas pessoas e famílias oportunistas; há muito ensino e acesso a conteúdos de enriquecimento pessoal a ser ministrado nos mais jovens; há matéria de economia, gestão da vida e financeira que devem estar nas escolas desde a infância e coisas semelhantes a essas, dando a toda uma nova geração de adolescentes e jovens verdadeiro empoderamento de crescimento pessoal.

Sabemos que, como discernimos hoje, muitos não aproveitarão estas oportunidades, mas a maioria vai. Não é uma educação e conteúdos voltados somente para o Mercado, porém, capacitará a qualquer um a fazer escolhas conscientes e concretas sobre seu futuro e carreira, sem se tornarem manipulados por ideologias falsas, tampouco por gente ruim e destruidoras de destinos humanos. Igualmente, não estamos afirmando que todos se tornarão empresários(as) ou empreendedores(as), cientistas ou pesquisadores(as) reconhecidos, pessoas de grande prosperidade pessoal ou gente de sucesso global, mas acreditamos que cada criança ou jovem serão livres das limitações da pobreza mental. Utopia? Talvez, mas sonhar nada custa!


Carlos Carvalho
Dezembro de 2019

[1] https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,o-retrato-da-pobreza,70002969500

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