ANULANDO um equívoco pseudocristão de nossos dias



Anulando um equívoco pseudocristão de nossos dias

AS DUAS E A MESMA ORDEM DO SENHOR JESUS:


E disse-lhes: — Vão por todo o mundo e preguem o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado...
Marcos 16:15,16

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: — Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos.
Mateus 28:18-20

Em nome de um ambiente politicamente correto e de uma tolerância religiosa que não leva em consideração o proselitismo natural das crenças monoteístas, alguns cristãos e cristãs têm defendido e propagado um discurso de convivência harmoniosa ou ecumênica entre as crenças, usando como princípio e fundamento o conceito do ágape (amor) cristão, mas que, indubitavelmente, é uma mensagem estranha ao próprio Jesus Cristo, aos apóstolos, aos pais da igreja e a qualquer discípulo sério, que conheça um mínimo da tradição cristã da qual somos herdeiros ao longo dos últimos dois mil anos. A saudável tradição cristã deve ser compreendida pelos que advogam a nossa fé.

Frases lindas e fortes, como: “Não quero um país evangélico”, “Quero um país laico”, “Preferimos uma Democracia, não uma Teocracia” ou coisas semelhantes a essas, embora tenham sentido e valor em um nível bem definido, crendo que abusos e imposições religiosas a quem quer que seja, constitui-se um grave delito contra as liberdades humanas, são coerentes com o ambiente democrático no qual vivemos; liberdades essas, diga-se de passagem, originadas com base nas mensagens dos profetas bíblicos, de Jesus, dos apóstolos e de cristãos e judeus comprometidos com o progresso da humanidade até os nossos dias. Todas essas coisas se iniciaram do nosso lado da cerca.

Agora, aprofundando a ideia. Quando reproduzimos frases do tipo acima mencionadas, não estamos fazendo um bem à humanidade como imaginamos, falando estritamente a cristãos e cristãs, e digo o porquê. A ordem final e fundamental de Jesus para o seu povo, a sua igreja, antes de ser assunto aos céus, foi a de precisamente converter o mundo (entenda-se como seus habitantes em todos os lugares), aos ensinos que Ele proclamou. Para a tristeza de uns e ódio de outros, felizmente ou infelizmente, esses ensinos só foram preservados em um único local, A Bíblia Sagrada; lá no que se chama de Novo Testamento. Nossa tarefa primeira e última é esta que Ele ordenou, as restantes são importantes, mas secundárias.

Ora, por inferência, por conclusão, por conceito primário ou por mote fundamental e essencial de nossa fé cristã, DESEJAMOS que todas as pessoas se convertam a Cristo, sigam seus ensinos e vivam uma vida baseada na fé que Ele nos deixou. Isso igualmente significa, que não queremos um “reino cristão” ou um “império cristão”, mas sim, queremos, e não somente isso, trabalhamos diariamente para que, CADA pessoa, da criança ao mais velho, torne-se CRISTÃ. Com pesar e tristeza devo dizer que, aqueles e aquelas que creem de forma diferente, NÃO SÃO genuinamente cristãos e cristãs, mas pessoas que se equivocaram, foram enganadas e ludibriadas pelo nosso inimigo, o Diabo, em suas mentes, em um nível conceitual.

Com o que foi dito, devemos acrescentar algumas coisas. Primeiro, não estamos asseverando que a convivência social e a tolerância religiosa não sejam bons valores, eles são e devem ser aplicados em nosso viver em sociedade. Segundo, também não estamos afirmando que nossa “religião” é perfeita e livre de erros humanos. É precisamente por ser uma fé dada pelo Criador, mas vividas por seres humanos dentro de um mundo imperfeito, que esta fé ou crença, embora perfeita em sua origem, procura ser experimentada e manifestada por gente deficiente moral e espiritualmente, mas que continuamente tenta acertar, apesar de suas falhas.

Terceiro, não queremos um país e um mundo NOMINALMENTE cristão ou “evangélico” (não gostamos desta última palavra para traduzir nossa vida), por duas razões mais simples: a História nos mostrou o que esse equívoco por parte de homens pseudocristãos fez ao mundo e às sociedades de outrora e porque essa jamais foi a intenção de Jesus. Desejamos sim, com todas as forças, que cada pessoa do pais ou do mundo seja alcançada pela graça de Deus, pelo evangelho de Jesus Cristo e se converta de todo o coração à vontade do Criador. Quando isso acontecer, se é que vai acontecer, toda a vida, em todas as áreas, do Brasil ou do mundo, sofrerá uma guinada exponencial de melhoria e prosperidade. Não ocorrendo essa esperança profética que temos, ainda trabalharemos por isso.

Jesus não imaginou um mundo onde, pelo amor (mal compreendido pela maioria), as pessoas se tolerassem simplesmente ou convivessem harmoniosamente, cada um escolhendo e crendo no que quisesse e a sociedade se tornaria perfeita em suas relações ao final. Isso nunca passou por sua mente. Tudo quanto Ele fez e ensinou, desejou que entendêssemos e aplicássemos em nosso viver diário; Ele desejou e deseja que cada pessoa, que diz crer nele, reproduza em sua vida a própria imagem dele, ou seja, Jesus QUER que todos nós reflitamos a sua própria pessoa em pensamentos e ações no mundo. Isso é um pouco diferente de certos discursos, não?

Não temos o hábito de mencionar líderes não cristãos em nossos escritos, mas Gandi disse certa vez que se o mundo perdesse todos os seus livros sagrados e permanecesse apenas o Sermão da Montanha de Jesus, nada seria de fato perdido. Cremos nisso também. O ponto nevrálgico aqui é: os ensinos de Jesus Cristo não são retórica bela ou elementos de poética antiga para nosso desfrute mental, são antes de tudo, ordenanças práticas para a vida e para o dia a dia de quem diz acreditar nele. Qualquer um ou uma, afirmando crer em Cristo, mas que proclama uma crença oposta aos ensinos dele, de fato não é cristão, cristã ou seguidor dele.

Por isso, concluímos, finalizando, que há um tremendo equívoco pseudocristão nas frases destacadas em nosso texto. Ele não se dá pela intenção ou pelo desejo de não se impor uma “teocracia evangélica”, isto está corretíssimo, mas sim, por mencioná-las de forma simploriamente reprodutivista, dizendo de outra maneira, apenas mecanicamente, postando ou repostando frases que acha bonitas ou que outras pessoas de sua admiração também postam. Essa é a ação daquela velha máxima que indica o “ir após a multidão”, sem, contudo, fazer uma sadia reflexão e escrutínio intelectual do que se lê. Genuínos cristãos não podem se prestar a esse papel.

A temática não poderia ser esgotada em um artigo ou texto, porém, esperamos um fomento intelectual mais denso, não necessariamente ou exageradamente biblicista, mas tradicionalmente cristão, onde a reflexão e pensamentos mais agudos e pessoais sejam produzidos. Não desejamos uma explosão acadêmica pobre, cheia de textos “cola, copia” de diversos autores ou autoridades cristãs meramente, contudo, esperamos a multiplicação de textos inovadores e individuais, não deixando os limites e o profundo respeito pelo pensamento tradicional secular da fé cristã. A solidez de nossa fé, que nos fez ultrapassar a casa dos vinte séculos de existência, independente das seitas, heresias e ensinos erráticos que foram gerados em nosso meio, nos dá forças para continuar crendo, como nosso pai Abraão que “...Deus é poderoso para cumprir o que antes prometeu.” (Romanos 4:21, paráfrase nossa). 

Soli Deo gloria.

Carlos K. Carvalho
Teólogo
22 de dezembro de 2019

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