O Retorno do trono de Satanás

O RETORNO DO TRONO DE SATANÁS

 

“Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás...”
Apocalipse 2.13

Este é um trecho da carta a igreja de Pérgamo que Jesus Cristo disse a João que escrevesse no primeiro século de nossa era. Nos primeiros três capítulos do livro da Revelação (do grego apokalypsis), Cristo ordena que João escreva cartas para as chamadas 7 igrejas da Ásia. Sete porque segundo a forma de ver dos judeus e cristãos é um número que indica o todo, ou seja, sete cartas são enviadas para igrejas locais específicas, mas seu conteúdo serve para todas as igrejas do mundo e posteriormente para as de todas as épocas.



Use sua imaginação e volte no tempo, há quase dois mil anos atrás, para a última metade do ano I de nossa Era. Veja uma cidade imponente, numa região que se chamava Mísia, hoje chamada Bergama, na atual Turquia. Estava situada perto do rio Caico (hoje Bakyr-tchai), e distante 32 km da sua foz. Pérgamo era celebre em sua época pelo fato de ser ali que o pergaminho foi primeiramente preparado. Possuía uma biblioteca com 200.000 volumes de escritos. Seus habitantes a consideravam uma terra sagrada, porque criam ter nascido nela o deus Júpiter. Em seu apogeu tornou-se uma cidade de templos, colégios e palácios reais, e era considerada como a primeira cidade da Ásia. Andando por ela, logo se via um de seus principais monumentos, um templo dedicado a Esculápio, sendo este deus representado pela figura duma serpente, visto como a medicina para a cura das doenças de seu tempo. Além de muitos suntuosos templos a vários deuses, em Pérgamo, que era a capital da província da Ásia para os romanos, estava o mais antigo e principal centro do culto de Cesar, o famoso culto ao imperador como um deus.


Por causa da dimensão de sua idolatria pagã, a carta à igreja desta cidade se refere a Pérgamo como sendo o local onde estava fisicamente o “trono de Satanás”. Independente a quem Cristo associa esse “trono”, o fato é que a multiplicidade de templos e cultos fazia daquela cidade um ambiente extremamente favorável a esse título.

A adoração a Satanás, Lúcifer ou Diabo não é nenhuma novidade no mundo, nem antes nem agora. Basta uma simples pesquisa e qualquer pessoa constatará que, se não com estes nomes, mas certamente com imagens associadas a ele, Satanás ocupou a atenção e o imaginário religioso de todas as épocas, e muito mais a partir do surgimento do Cristianismo, que lhe desmascarou abertamente.


Desde os anos de 1960, o Ocidente tem esse assunto de volta com bastante força, com a iniciativa de Anton Lavey de fundar a Igreja de Satan (1966) na Califórnia. A partir daí proliferou-se de tudo sobre o Diabo no mundo sob várias óticas, desde filmes, livros, igrejas – incluindo no Brasil nos anos 1970 por Luiz Howarth em Sergipe, que construiu a Igreja do Diabo, estrutura em forma de um caixão, porém esta não existe mais – e, recentemente, outra igreja satânica (The Satanic Temple), provocou balbúrdia com a inauguração de uma estátua em homenagem a Satanás em Detroit, (Michigan, EUA).

E agora, a Fox, canal de entretenimento da Twentieth Century Fox, vai lançar em setembro deste ano (2015), a série “Lúcifer”. Esta pretende ser uma comédia, com a presença de alguns demônios (em forma humana, claro), com forte temática sexual (comum nas séries atuais) e de anjos.




O Lúcifer está questionando sua natureza maligna e começa a se importar com os humanos que estão próximos de si. Consegue ajudar uma detetive a solucionar crimes usando sua persuação para que as pessoas culpadas confessem seus pecados. Deus (a quem ele chama de Pai) por meio de um anjo está tentando lhe persuadir a voltar para o inferno – aquela falsa ideia grega do deus Hades que habita no submundo e tem a simples função de guardar as almas dos mortos, sem ter parte alguma com o que acontece aqui na terra. A sinopse para o Brasil vem mais ou menos assim:

“Entediado e infeliz como o Senhor do inferno, Lúcifer abdica de seu trono e abandona seu reinado para viver na atordoada Los Angeles. Lá, ele dá início a outro empreendimento: ele abre um Piano-Bar chamado Lux.”

Com qualquer possibilidade do Lúcifer fazer, como por exemplo, criar guerras, destruir a humanidade, provocar destruição dos relacionamentos humanos, controlar governos, manipular o sistema global, destruir as religiões que lhes são contrárias ou coisa parecida – algo esperado da sua essência – o que é que Satanás deseja fazer? Abrir um bar! Mas, logo um BAR? Sugestivo, não?

Lúcifer abre um piano-bar com o nome de “LUX” (de luxúria) em Los Angeles, a segunda cidade mais populosa dos Estados Unidos, um dos maiores e mais importantes centros financeiros do mundo, que abriga o distrito de Hollywood, na Califórnia. Curiosamente onde a sede da Igreja de Satanás está e a cidade é “carinhosamente” chamada de “Cidade dos Anjos”, porque será? Alguns podem levar estas coisas como brincadeira e outros sequer consideram os fatos, porém o inimigo não se esconde mais, ao contrário, anda livremente entre nós no mundo.

Enquanto a igreja evangélico-cristã se debate acerca de assuntos periféricos sobre o uso ou não de certos objetos de culto, como o shofar e o candelabro, se engalfinha uns contra os outros para dar ou não o dízimo e se os ofícios e os dons são válidos ainda hoje, o reino das trevas segue avançando com seu projeto de destruição da fé cristã. Como tenho ensinado nestes últimos dias, não podemos seguir sendo neutros quando as trevas já não são mais. Ao sabermos que “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2 Coríntios 4.4), parece que nos acomodamos com este fato e resolvemos lutar contra nós mesmos ao invés de pregar o Evangelho aos perdidos e de sermos sal e luz para o mundo. Será que achamos que Deus não nos pedirá contas de nossas ações? Como a igreja que é o corpo de Cristo nesta terra não temos o dever de continuar a obra dele?

Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.
1 João 3.8

Pense nisso!


Bp. Carlos Carvalho
Teólogo, Cientista Social, Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica e fundador da ONG ABAN Brasil em Guarulhos, SP.

Referências

Bíblia Sagrada. Versão Digital (Freeware). Marcelo Ribeiro de Oliveira. Janeiro de 2005.

BUCKLAND & WILLIAMS, Dicionário Bíblico Universal. A. R. Buckland / Lukin Williams. [tradução: Joaquim dos Santos Figueiredo]. São Paulo: Editora Vida, 1981.

Church of SatanSite official: http://www.churchofsatan.com/index.php

GOMES & OLIVETTI. Novo Testamento interlinear analítico Grego-Português – texto majoritário com aparato crítico / por Paulo Sérgio Gomes e Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

Imagens. Todas as imagens podem ser visualizadas nos sites descritos nestas referências.Parte inferior do formulário


O “papa do diabo” construiu a igreja do diabo em Sergipe. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/humor/4431413

'Templo Satânico' apresenta escultura de ídolo pagão e gera polêmica nos EUA. http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150727_escultura_satanica_eua_fn



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