O Comportamento Animal como Explicação
Sempre que tenho oportunidade de
assistir algumas aulas de professores/doutores reconhecidos no Brasil, acontece
de a conversa ser direcionada para alguns setores do comportamento humano, e normalmente
vejo uma resposta que para mim tornou-se aquilo que chamo de “senso comum
acadêmico” (não considero isso algo benéfico).
Por exemplo, quando abordada a questão da fidelidade da
mulher ou do homem em relação ao outro, constantemente esses especialistas saem
com as narrativas de que no reino animal poucas espécies são fieis aos seus
parceiros, e, portanto, a fidelidade no universo dos animais é exceção e não a
regra.
A
ignorância e desonestidade intelectual são tamanhas nestes casos que fico sem
palavras. É óbvio que animais não sentem como nós sentimos; animais não
compreendem a traição amorosa; animais não são éticos nem morais; animais não
se reconhecem como casais e pais em nenhum nível de cognição humana, e o mais
importante, animais não têm sentimentos como os seres humanos – mesmo os que
mais se aproximam de nossos comportamentos, ainda assim, não desenvolveram
habilidades afetivas humanas – por mais que desejemos dar a eles uma aparente
ideia de sentimentos como experimentamos, isto não é verdadeiro para eles.
Por isso, tentar compatibilizar
ou justificar nossos desvarios, nossas traições, nossas taras, nossos pecados,
nossa falta de controle emocional e comportamental ou nossos desejos
incontrolados pelo viés da vida dos animais é nos bestializar, nos animalizar e
darwinismo de quinta categoria, é muito ridículo. Creio que nem o próprio
Darwin foi tão longe!
Carlos Carvalho
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