BOLSA TRANSCIDADANIA

A Prefeitura de São Paulo lançou na última quinta (29/01) o programa “Transcidadania”, que objetiva a promoção de reintegração social e incentivo à colocação profissional para travestis e transexuais. O programa durará dois anos e oferecerá acesso à escola e a cursos profissionalizantes. São em 100 os primeiros beneficiados e receberão um auxílio de R$ 840,00, e haverá uma campanha paralela de respeito ao nome social que essas pessoas usam[1].

O projeto é humanitário e solidário, pois provê uma resposta concreta às pessoas que fizeram essas opções sexuais[2], e é social, porque igualmente os reintegra e os qualifica para o mercado de trabalho. Neste sentido, a Prefeitura está de parabéns. Mas nem tudo é um mar de rosas, e não podemos deixar de criticar certas coisas.

Primeiro. Essa é uma daquelas ações unilaterais, que não foram discutidas em conjunto com a sociedade civil nem avaliadas por mais ninguém além das pessoas que criaram o programa, ou seja, os defensores dos Direitos Humanos da Secretaria Municipal.

Segundo. Lá vem mais uma “bolsa” alguma coisa, que os governos petistas gostam de criar, e isso significa, não uma melhor distribuição de renda, mas a destinação do dinheiro de impostos cobrados dos não ricos para mais uma demanda que consumirá mais e mais.

Terceiro. Acredito ser simplista dizer que travestis e transexuais estão “excluídos” dos processos sociais e da educação ou do trabalho. Isso não é verdadeiro. Muitos se excluíram por conta própria, deixaram de estudar e deixaram de tentar colocação no mercado. Dizer que um travesti ou trans não tem acesso à educação é outra barbárie, pois a educação em nosso país é gratuita e universal a todos.

Quarto. Este tipo de governança que trata a todos como “bebês humanos”, desprovidos de tudo e eternos necessitados de amparo estatal, é que faz de nosso país esse paraíso corrupto e destituído de moral e atrasa nosso avanço econômico, educacional e social. Este tipo de governo não lida com os problemas na fonte, mas sim dá remédios paliativos para o resultante das escolhas erradas dos cidadãos, aplicando dinheiro público à revelia e mantendo-os dependentes do “grande pai”, neste caso, da “grande mãe”.

Finalmente. Eu queria saber realmente quem é que cria ou “inventa” os valores destinados dessas “bolsas”, pois, salvo engano, exceto no caso do Bolsa Família, essas bolsas sociais têm valores superiores ao salário mínimo ou ao valor pago aos aposentados na média geral brasileira. Neste último caso, a maioria trabalhou e contribuiu socialmente boa parte da vida, para, ao final, receberem valores de até um salário mínimo, e essas “bolsas” pagam mais a pessoas que nunca contribuíram com nada.

Tenho plena certeza que a maioria dos brasileiros e empresários jamais se oporiam a que travestis e transexuais estudassem ou trabalhassem nas empresas, e que essas pessoas sejam consideradas excluídas ou inferiores por nosso povo, salvo nos casos em que eles mesmos se estereotiparam por postura pessoal. É lamentável que ainda tenhamos de ver políticas sociais equivocadas disfarçadas de proteção às minorias em nosso país.

Amo em nossa Constituição aquela parte que diz:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...

Se somente cumpríssemos e fizéssemos cumprir nossa Carta Magna, não precisaríamos criar ou inventar programas para assegurar direitos que as pessoas já os possuem.


Carlos Carvalho
Teólogo e Cientista Social



[1]Prefeitura vai pagar bolsas de R$ 840,00 para travestis e transexuais. Disponível em:  http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,prefeitura-vai-pagar-bolsas-de-r-840-para-travestis-e-transexuais,1626421

[2]Acredito em escolha, não em outra explicação para esses comportamentos.

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