A Inovação no Ensino


A Inovação no Ensino
Alguns pensamentos sobre um texto que li recentemente

“O que crianças do século XXI estão fazendo em escolas do século XIX?” Este é o texto de Marcelo Nakagawa do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) e da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista) que encontrei num site de Administração na internet. Ele transcreveu frases verdadeiras e maravilhosas de Eric Mazuz, professor de Harvard e de Vishal Sikka, CEO da Infosys, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.

Segundo estes homens, o modelo de educação que dispomos está defasado em pelo menos três séculos (300 anos), e é mantido nos mesmos moldes de quando a sociedade era composta por agricultores na sua maioria. Igualmente, esta escola tem um conceito de educação que visa somente o “adquirir conhecimentos” organizados normalmente para que os aprendizes ”passem no vestibular” de uma faculdade, sem, contudo, produzir verdadeiro aprendizado.

Dizem ainda que o modelo educacional atual deveria levar muito mais em consideração  alguns elementos característicos das demandas do novo século (XXI) e das necessidades das crianças e adolescentes que nascem nele, tais como:

·         Capacidade de aprender a aprender;
·         Ensino ativo (onde o aluno se torna construtor de seu conhecimento);
·         Compreensão da mentalidade líquida (aquela que acessa o conhecimento sem ter de decorá-lo);
·         Capacidade de resolução de problemas complexos;
·         Pensamento crítico;
·         Criatividade;
·         Inteligência emocional;
·         Flexibilidade cognitiva;
·         E desenvolvimento de capacidades empreendedoras – não para a criação de novos negócios, mas para a solução dos desafios do mundo que construirão.

Particularmente, sou defensor desta abordagem educacional, porém, ela não deixa de ter pontos importantes em outras vias a se considerar.

Primeiro – os homens mencionados acima e outros que pensam igualmente, parecem deliberadamente esquecer que foi precisamente esta mentalidade de “300 anos” que possibilitou todo o avanço tecnológico, industrial, econômico e do conhecimento que dispomos hoje, ou seja, foi esta “escola antiga”, com professores e com a estrutura que ainda vemos nos dias atuais – inclusive nas maravilhosas Universidades nas quais estes proponentes estudaram ou trabalham – que facilitou e criou todo o escopo do conhecimento geral que possuímos e que fez com que chegássemos até aqui.

Segundo – me parece que este modelo inovador serve muito bem e mais à mentes que tendem a pensar menos, que escolherão as áreas de humanas e arte, porém, não produzirá o resultado esperado para as áreas de ciências exatas, cosmológicas e biológicas, onde a Matemática avançada, a pesquisa genética, a Física, entre outras, são profundamente dependentes. Estas últimas precisam de muito mais “neurônios”, de “aprendizado decorado” e de fórmulas complexas, sem as quais, elas se tornariam inférteis.

Portanto, forçosamente, teremos que concluir, que, mesmo em virtude das demandas, não somente de alguns setores importantes do conhecimento, que podemos sim, alterar as formas com as quais os aprendizes podem construir seu conhecimento, ainda existirão outros, extremamente importantes, como os setores tecnológicos, do conhecimento do Universo e da bios total, em que, provavelmente, este modelo inovador não se aplicará.

Ficamos, então, com dois grandes desafios: 1) ampliar os modelos educacionais de tal forma que permitam a estas inovações do “aprender a aprender” gerar os resultados esperados a médio e longo prazo, e 2) conservar, ao mesmo tempo, o modelo educacional que propiciou o avanço do conhecimento em todas as áreas que desfrutamos hoje, a fim de que os setores essenciais do aprendizado científico não sofram com a escassez das mentes necessárias.


Carlos Carvalho
Teólogo e Cientista Social pela Universidade Metodista de São Paulo.

Referência:
Decorar e prova: O que crianças do Século XXI estão fazendo em escolas do Século XIX? Disponível em: http://blogs.pme.estadao.com.br/blog-do-empreendedor/decorar-e-prova-o-que-criancas-do-seculo-xxi-estao-fazendo-em-escolas-do-seculo-xix/.

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