A Idiotização e o Emburrecimento da Sociedade Atual


A IDIOTIZAÇÃO E O EMBURRECIMENTO DA SOCIEDADE ATUAL


O adjetivo idiota refere-se a uma pessoa que carece de inteligência, de discernimento; alguém que é tolo, ignorante ou estúpido. Portanto, no sentido estrito da intenção destas linhas, idiotizar é deliberadamente agir no intuito de deixar uma pessoa, um grupo ou uma sociedade sem discernimento, evitar que se alcance inteligência, deixar que a ignorância seja quase uma norma com o objetivo de dominação ou de manter-se continuamente no controle dos sistemas sociais, tornando-se uma espécie de “elite” superior aos demais.

O emburrecimento segue a mesa direção. Apenas que esta ação parte muito mais da pessoa em particular do que de um sistema de controle. Isto é assim porque qualquer pessoa que vive em lugares ou participa de grupos com este viés, quando deseja, pode suplantar por vontade própria essas limitações impostas e ir além daquilo que lhe foi oferecido ou não em busca de mais conhecimento, habilidades e crescimento pessoal. Óbvio que este indivíduo se destacará dos demais e será visto, na maioria das vezes, como um insurgente ou como inimigo do próprio sistema. Porém, este é o preço da libertação.

É fato notório que cada vez mais vivemos numa sociedade que idiotiza e emburrece as pessoas de diversas formas. Os filmes, as séries de TV, os programas de auditório, as chamadas “celebridades” com suas “pérolas de sabedoria”, os partidos políticos, certos programas governamentais, algumas políticas educacionais, programas de TV paga, livros vendidos nas livrarias, as “músicas” ouvidas pelas pessoas, muitas crenças religiosas, muitos líderes pretensamente “espirituais” e até mesmo alguns livros “didáticos” cumprem esse papel tão profundamente impositor de um sistema como esse.

Ficamos diariamente boquiabertos e estarrecidos com o tamanho e a dimensão deste programa geral que dissemina um conhecimento fútil, que não serve no dia a dia do indivíduo, que não lhe faz pensar e raciocinar, que lhe tira o discernimento do bem e do mal, que violenta a sua inteligência e assalta sua possibilidade de crescimento mental, que não interioriza princípios éticos, morais e espirituais pelos quais este indivíduo os pratique no tempo de sua vida e de como tudo isso se relaciona intimamente com a insensatez, com a insensibilidade, com a maldade e com a violência.

Ou damos uma basta definitivo, cabal e radical neste modelo de sociedade falsamente libertária, mas na verdade é libertina, idiotizadora, emburrecedora e geradora de violências infinitas nas pessoas, ou nos depararemos com uma drástica e aterradora surpresa dentro de pouco tempo criando uma “sociedade do futuro”, sem futuro, sem amor, sem respeito, sem espiritualidade genuína, sem afeto natural, não valorizadora da vida e destituída de nenhum valor moral ou ético. É isso que queremos?

Carlos Carvalho
Teólogo e Cientista Social
8 de agosto de 2016


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