Falta de Atendimento Médico em Outro Nível



FALTA DE ATENDIMENTO MÉDICO EM OUTRO NÍVEL



Neste fim de tarde (sexta-feira, 26/10), estava em uma loja de informática de um amigo meu na região onde resido, e, enquanto um jovem fazia um reparo em meu celular, outro jovem conhecido e filho de outro antigo amigo entrou para pegar seu celular. Ele e seu pai, meu querido Didi, dono da Galiza Marcenaria, trabalharam em minha casa algum tempo atrás e conversei com o rapaz sobre o futuro, seus estudos e sonhos que ele tinha de abrir um estúdio de som em nossa região. Quando o vi, me alegrei e lhe disse que há dois dias atrás estava falando que passaria lá na Marcenaria para encomendar um serviço para nossa ONG.

Seu rosto entristeceu imediatamente e me informou que seu pai havia falecido dias atrás. Fiquei surpreso e meus olhos encheram de lágrimas, porque o Didi prestava muitos serviços em São Paulo e passávamos às vezes meses sem nos ver, porém, o pior ainda iria ser me contado.

O Didi perdeu o filho mais velho uma semana antes de sua morte por causa de uma artéria do coração que “estourou”, segundo o jovem, e passou alguns dias muito mau. Ele tinha anemia e se tratava há anos, mas a família achava que era somente a tristeza do ocorrido que o afetara mais do que o normal. O levaram ao UPA do bairro, e lá, lhe deram uma Benzetacil e o enviaram para casa.

A família não aceitou isso muito bem, e, como vieram de São Paulo, o levaram a um hospital na região do Ibirapuera, onde moraram antes. No hospital, descobriram que ele estava com pneumonia e lhe passaram medicações, dizendo que seu caso ainda não era de internação, enviando-o para casa. Em casa, passam-se dois dias e meu amigo Didi passou a tossir com sangue. A família o leva ao mesmo hospital, o colocam em uma maca sem cobri-lo numa terça-feira e, na quarta, quando resolveram entubá-lo e interná-lo, ele veio a falecer.

Temos medicina capaz de salvar vidas em praticamente todas as patologias, temos médicos formados, enfermeiros e pessoal qualificado de excelente qualidade em nosso país em todos os locais, mas muitos desses médicos e técnicos não exercem suas profissões como uma vocação, senão como um meio somente de ganhar dinheiro, sem de fato se importar com as vidas que chegam aos seus cuidados. Tenho duas perguntas:

Quem será responsabilizado por essa tragédia? Algum desses irresponsáveis trarão meu amigo Didi de volta? Estou inconsolável e em profunda tristeza misturada com revolta!


Carlos Carvalho
26 de outubro de 2018

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