SISTEMA FALIDO
SISTEMA MALIGNO
Um adolescente
não pode exercer trabalho a não ser que seja um menor aprendiz, que trabalhe
menos e ganhe menos por isso. Adolescente é considerado alguém em fase de
desenvolvimento e em idade entre 12 e 18 anos. Para nosso sistema, um adolescente
é um ser improdutivo que tem “direitos” como o de estudar, ir e vir, brincar,
divertir-se, ter cultura e arte, mas nenhum “dever” social ou cívico.
No outro
extremo está o lado oposto do sistema (como aquele simbolismo do bem e do mal)
que vê nestes adolescentes a garantia da imputabilidade de crimes que,
cometidos por adultos, seriam tratados severamente pelo Código Penal. Estes
menores são uma “força de trabalho” nas periferias, são iniciados na
criminalidade sem reservas morais e ensinados a mentir a seus pais e
responsáveis dizendo que estão trabalhando com um amigo ou em algum outro local
fazendo “bicos”.
Esses meninos
são considerados aptos pelo crime organizado para exercer funções até de
gerência do tráfico. Conhecem seus “direitos”, sabem que não têm deveres,
atiram sem pestanejar, ameaçam prontamente, atuam com violência brutal, mas são
considerados seres que não estão em seu pleno discernimento. Nenhum cidadão
consciente é favorável à escravidão em qualquer nível e muito menos de crianças,
mas em nome de um discurso de não escravidão, não se pode ocultar os graves
problemas sociais que vivemos.
Os
noticiários diariamente nos mostram a verdadeira face deste gigantesco buraco.
Não há um dia sequer que não se veicule notícia relacionada com algum crime
cometido por um menor. Até quando a sociedade e o sistema não perceberão o caos
que está crescendo como uma bola de neve prestes a explodir em nossa face?
Precisamos discutir amplamente e com toda a sociedade essas questões sem achar
que estatutos e algumas leis de proteção irão resolver o problema.
O sistema está
criando seus monstros, os está alimentando e protegendo-os, será que imaginamos
que os grandes felinos e as serpentes criadas em casa não se voltarão algum dia
contra seus donos? Perdoem-se as fortes analogias, porém o caso é muito mais
sério do que pensamos. Não podemos assistir as notícias sentados na poltrona ou
sofá de nossa casa, achando que elas não podem ultrapassar nossas cercas de
proteção. Elas podem e o farão em pouco tempo.
Antes que me
crucifiquem devo acrescentar: sou favorável ao ECA em quase todos os seus
artigos, acredito nas leis de proteção para os que precisam delas, não sou
racista ou militante extremista de algum setor, sou casado e pai de três filhas
que passaram por suas crises de adolescentes também. Portanto, não desmereço os
ganhos sociais que as leis nos outorgaram até aqui, somente penso que, como meu
pai e avós e muitas das gerações anteriores iniciaram a trabalhar na
adolescência, por causa disso não se tornaram pessoas ruins, malignas ou
péssimos pais e avós, ao contrário.
“Não se pode
esconder uma cidade construída sobre um monte”, disse Jesus (Mateus 5.14). Isto
significa que não podemos esconder os fatos que nos bombardeiam todos os dias
como se eles não existissem ou não nos dissessem nada. Não podemos “tapar o sol
com uma peneira”, nos ensinaram os antigos, porque o astro-rei continuará a dar
a sua luz e seu calor através dela. Não se finge que o mal produzido pelo
sistema não está agindo no mundo.
É preciso
tratar o problema de frente, com seriedade e sem medo do que os falsos
pensadores vão dizer. A mídia não nos representa, o sistema não nos representa,
nós podemos alterar as leis, mudar o sistema, remover os nossos representantes,
porque nós somos os seus criadores e mantenedores. É uma verdade incômoda, mas
não deixa de ser uma verdade.
Carlos Carvalho
Referências:
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Pdf.
Aumenta a participação de jovens menores de 18 anos em crimes violentos.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2012/02/01/interna_cidadesdf,28 8400/participacao-de-jovens-menores-de-18-anos-em-crimes-violentos-aumentou-62.shtml
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