Inexperiência traz prejuízos
Inexperiência traz
prejuízos
2 Crônicas, capítulos 10
e 11
“Meu dedo mínimo é mais
grosso do que os lombos de meu pai.” Assim o recente rei Roboão respondeu à
Jeroboão e ao povo de Israel após ter tomado conselho por três dias com aqueles
que estavam lhe assessorando. Péssimo conselho ele acatou depois de ter
rejeitado as orientações dos anciãos que viveram no tempo do reinado de seu
pai, Salomão.
Os anciãos de Israel, experimentados
no reinado de Salomão viram a ascensão e o declínio de um reino maravilhoso que
fora abençoado por Deus em promessa a Davi e certamente sabiam onde o rei
Salomão errou em sua trajetória. Aconselharam a Roboão a tratar o povo com
brandura e lhes falar pacificamente, pois isso lhe renderia grandes benefícios
a longo prazo.
Roboão despreza o
conselho dos sábios e deseja ouvir o conselho dos jovens que cresceram com ele.
É exatamente o inverso do que os anciãos lhe falaram e isso lhe parece melhor,
pois esses eram seus amigos e ele possuía mais afinidades com estes. Suas
palavras ao povo foram duras e insensatas e geraram o efeito que ele não havia
esperado.
Jerobão não aceita o
discurso do rei e se insurge contra ele levando dez das doze do reino após si.
Assim o reino de Israel se divide e não mais se uniria novamente. Jeroboão
expulsa todos os sacerdotes de seu novo reino e estabelece seus próprios em
vários locais, mas a adoração a Yahweh é abolida, e em lugar é estabelecido
culto aos deuses e demônios (sátiros).
A insensatez dos
conselhos de seus amigos e a inexperiência de um rei geraram um enorme prejuízo
ao reino que Davi tanto lutou e sofreu para criar e de Salomão que o
estabeleceu e confirmou com a sabedoria que havia recebido de Deus. Embora
Roboão iniciou seu reinado aos quarenta e um anos, ele não era maduro o
suficiente para gerir algo que não tinha sido devidamente preparado para fazer.
Está aqui o que um
crescimento em meio a uma família problemática como a de Davi pode gerar.
Crescer vendo não apenas as maravilhosas e sábias realizações de um pai como
Salomão, mas também vendo seu apetite sexual lhe corromper o caráter ao fim da
vida, não trouxeram maturidade a um homem de meia idade como Roboão.
Imagine que seus amigos
também transitavam neste meio vendo a tudo isso e cresceram ao redor de Roboão,
um príncipe que ao que tudo indica não se interessava pelo reino que iria
herdar. Ao dar ouvidos aos seus jovens amigos e rejeitar o dos mais velhos, ele
destruiu o próprio reino que herdou e nem precisou fazer muito, foram apenas
algumas duras palavras e pronto!
Nossa sociedade atual
vive algo semelhante. Não aceitamos mais o conselho dos mais velhos e sábios
porque achamos que com nossas formações acadêmicas somos mais inteligentes que
eles. De fato somos mais estudados, mais técnicos, podemos realizar façanhas
que apenas sonharam, mas não somos mais sábios. A sabedoria não é fruto da
formação acadêmica, mas sim da experiência de uma vida amadurecida pelo tempo.
Estamos sistematicamente
diluindo a ética e a moral em nome dos novos tempos, fazemos consensos e
toleramos coisas que os mais antigos jamais aceitariam, mudamos os marcos
sociais e relacionais antigos dizendo que são arcaicos, não respeitamos os mais
velhos e exigimos que eles é quem devem nos respeitar primeiro. Estamos
destruindo o mundo que eles nos legaram e com eles dentro.
Como Roboão e seus amigos
fizeram assim fazemos nós em nossa geração. Rejeitamos os conselhos dos sábios
e estabelecemos a nossa vontade imatura, insensata, irresponsável e destrutiva,
e ainda achamos que fazemos algo extraordinário. Uma coisa é certa: no planeta
Terra a única coisa que mudou até aqui foi a tecnologia, pois o resto e os
homens ainda continuam os mesmos.
Pense nisso!
Carlos Carvalho
Teólogo
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