Estupro Coletivo - como uma nação em formação resolveu um caso assim na Antiguidade


ESTUPRO COLETIVO
Como uma nação em formação resolveu um caso de estupro coletivo

Juízes 19 - 21

Deixem-me contar um fato da antiguidade da nação de Israel, quando ela ainda estava em formação, lá pelo século XI a. C.. O texto acima é bem longo, por isso o descrevo em forma mais sucinta.

Certo sacerdote hebreu casou-se com uma concubina[1], após certo tempo, ela passou a rejeitá-lo e o abandonou, voltando para a casa de seu pai. Ele passou a nutrir sentimentos fortes por ela e decidiu viajar à casa do sogro para tentar reatar seu relacionamento com ela. Sua empreitada foi feliz, conseguindo que a mulher reatasse consigo, ele quis voltar logo a sua terra natal. Seu sogro insistiu com ele por vários dias e segurou-o em sua companhia o máximo que pode.

Não havendo mais motivos para permanecer por ali, partiu com sua comitiva de volta para sua casa, nesta, ia ele, seu servo, sua concubina e animais com provisão. Chegaram muito tarde do dia em certa cidade e, não querendo andar mais temendo perigos, esperou na praça por alguém que lhe desse abrigo. Um senhor de idade avançada lhe forneceu a casa e com ele, ambos se alegraram aquela noite em meio a conversas e vinho.

Homens malignos e criminosos cercaram a casa e quiseram fazer mal ao sacerdote forasteiro, porém o anfitrião não permitiu e tomou a concubina do homem e a ofereceu aos de fora da casa[2]. Eles a estupraram durante toda a noite até ao amanhecer, quando a deixaram, e ela se arrastou até a porta do ancião, vindo a morrer com as mãos estendidas para a porta. O sacerdote sai e a chama para seguirem caminho, mas ela não responde. Ele a toma, põe sobre o jumento e a leva por todo o caminho até que chegue em sua casa.

Em casa, ele não a enterra, porém, a desmembra em doze pedaços e envia estas partes a cada tribo que compunha a nação em formação, pedindo que as mesmas falem e tomem providências contra esse ato tão vil perpetrado por integrantes de uma das tribos principais. Quatrocentos mil homens guerreiros se apresentaram diante dele em conselho para decidir o que seria feito. As palavras do texto para se referir ao estupro coletivo são: maldade; violação; vergonha e loucura.

As tribos enviaram notícia à tribo da qual os homens malignos pertenciam e pediram que ela os enviasse para que fossem castigados pela Lei de Talião[3]. A tribo não quis entregar os homens, ao contrário, juntou vinte e cinco mil soldados e foram à guerra naquele dia. Todos os vinte e cinco mil homens defensores dos malignos morrerem em batalha. Eram homens valentes e bons, porém, em nome da unidade de sua tribo, pereceram por defender o indefensável.

Aqui vai meu entendimento: Como aquele homem e aquela nação resolveram o caso de estupro coletivo que culminou na morte de uma mulher? Primeiro, o homem não executou por conta própria sua vingança pessoal, segundo, ele notificou a toda a sociedade o ocorrido e pediu justiça, terceiro, toda a sociedade foi chamada à responsabilidade de uma decisão coletiva, quarto, a sociedade toda decidiu por uma punição adequada para a época, quinto, os criminosos foram punidos e não as vítimas, e sexto, os que se insurgiram contra a decisão democrática da maioria também foram punidos.

Resguardadas as devidas proporções e cuidados, precisamos de mais convicção e dureza em nosso trato dos crimes hediondos e contra a vida em nossa amada terra!


Carlos Carvalho
Bispo, Teólogo e Cientista Social
29 de maio de 2016

Notas: 

[1] O concubinato era uma prática comum da antiguidade e, ainda nos dias atuais, em várias regiões do mundo é aceito.
[2] Outra coisa extremamente importante naqueles dias era a questão de alguém ser anfitrião de outrem. O ancião ofereceu sua filha e a mulher do sacerdote para que os homens da casa fossem protegidos. Nada pode justificar tal ato, porém, no desespero de proteger seu convidado, viu como única saída fazer o que fez. Este ancião, tanto quanto o sacerdote erraram em não proteger a todos, mesmo que suas vidas estivessem em risco.
[3] A Lei de Talião advogava o famoso “olho por olho, dente por dente”.

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