Existe "Golpe Parlamentar"?
Existe "Golpe Parlamentar"?
Um dos mais famosos dicionários sobre política que é
usado para fins de pesquisa e entendimento acadêmico é o Dicionário de Política
dos estudiosos Norberto Bobbio, Nicola Matteuccici e Gianfranco Pasquino,
largamente utilizado por alunos das áreas humanas de Direito, Ciências
Políticas, Ciências Sociais e afins. Neste dicionário há uma definição sobre
“Golpe de Estado” e o delimita em seu âmbito histórico e também no mais moderno
utilizado em nossos dias. Nele, um Golpe de Estado, após discorrer em uma longa
tese, pode ser compreendido das seguintes maneiras:
1) Na tradição histórica, o Golpe de Estado é um ato
efetuado por órgãos do Estado. Em suas manifestações atuais, o Golpe de Estado,
na maioria dos casos, é levado a cabo por um grupo militar ou pelas forças
armadas como um todo. Num caso contrário, a atitude das forças armadas é de
neutralidade-cumplicidade.
2) As conseqüências mais habituais do Golpe de Estado
consistem na simples mudança da liderança política.
3) O Golpe de Estado pode ser acompanhado e/ou seguido de
mobilização política e/ou social, embora isso não seja um elemento normal ou
necessário do próprio golpe.
4) Habitualmente, o Golpe de Estado é seguido do reforço
da máquina burocrática e policial do Estado.
5) Uma das conseqüências mais típicas do fenômeno
acontece nas formas de agregação da instância política, já que é característica
normal a eliminação ou a dissolução dos partidos políticos.
Porém, por mais que se queiram falar em contrário, não há,
nos mais importantes dicionários, a identificação de um termo como “Golpe
Parlamentar”. Este é um termo estranho ou inovador, não tem validade política
ou jurídica, nem fundamentação acadêmica para sua menção pública. Quem assim o
faz, demonstra desconhecimento quase total do assunto.
Carlos
Carvalho
Cientista
Social
Fonte:
BOBBIO,
Norberto. Dicionário de política /
Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; trad. Carmen C,
Varriale et ai.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis
Guerreiro Pinto Cacais. - Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1 la
ed., 1998. Vol. 1: 674 p. (total: 1.330 p.) Vários Colaboradores. Págs.
555-557.
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