Créditos
Em uma análise geral, para
descobrir se uma abertura de qualquer espécie de crédito pode alterar não
apenas as minhas finanças, mas também o meu orçamento e minha capacidade de
pagamento ao final dessa empreitada quero contar uma historinha.
Imaginem que ganho certo valor
mensal e, por conseguinte anual, que vamos estabelecer em R$ 5.000,00 mensais
ou R$ 60.000,00 por ano, como exemplo. Preciso comprar um imóvel, reformar o
imóvel no qual vivo para entregá-lo antes de sair dele, continuar pagando
escola ou curso universitário da família, pagando as despesas referentes ao
carro ou carros da família, manter semanalmente e mensalmente a alimentação de
minha casa, pagar as contas de consumo, pagar pela saúde, pagar impostos dos
mais diversos durante o ano todo e eventuais outras pequenas coisas que
aparecerem.
É óbvio que, ao fazer a
contabilidade da casa, vou descobrir que minha renda é insuficiente para o
empenho que necessito fazer de adquirir minha casa própria, o que faço, então? Vou
ao banco de minha escolha e faço uma proposta de crédito para que eu tenha
condições de comprar o imóvel. Após as devidas análises, o banco me autoriza a
tomar o crédito que desejo em aproximadamente R$ 300.000,00 e me fornece o
mesmo em parcelas mensais longas com juros da escolha do banco. Eu aceito,
assino e o processo se inicia até que os valores são liberados a meu favor como
carta de crédito (não em espécie), com o próprio imóvel também colocado em
garantia do tomado sob pena de perdê-lo por não pagamento e acrescidos de mais
juros diversos, mora, honorários advocatícios e possível penhora de outros bens
não arrolados na garantia ao final.
Com o passar do tempo, descubro
que minha renda não aumentou, que minha capacidade de pagamento continua
insuficiente e que, agora, além das minhas demandas corriqueiras – que já eram
grandes – tenho uma dívida de quase R$ 600.000,00 totais subdivididos em
parcelas mensais que, de início, me pareceram possíveis de pagar, mas que me
iludi pensando que alcançaria um aumento expressivo de ganhos no meu trabalho
ou comércio, porém, minhas esperanças se mostraram frustradas ao longo dos
meses. Com isso, indago aos meus leitores:
1) Esta abertura de crédito – legítima e legal – comprometeu
ou não minha capacidade presente e futura de pagamento?
2) Ao assinar este contrato, fiz ou não uma operação de
crédito de alto risco para a minha saúde financeira?
3) Este crédito legítimo alterou ou não minha meta anual de
pagamento, inclusive de minhas despesas corriqueiras e obrigatórias?
4) Esta operação alterou ou não negativamente minhas finanças,
mesmo que não tenha em nada sido alterada minha perspectiva de ganhos mensais e
anuais?
5) Meus recursos mensais e anuais foram ou não comprometidos
e precisarão ser restringidos drasticamente para cumprir agora os pagamentos
aos quais me obriguei?
6) Com o que ganho mensalmente poderei pagar todas as
obrigações que tenho de agora em diante?
7) Este crédito aumentou ou não o tamanho de minhas despesas
mensais e anuais?
Portanto, abertura de crédito
altera minha capacidade de pagamento, altera minhas finanças, destrói minha
saúde financeira, aumenta as minhas despesas, compromete minha meta anual e
quebra meu orçamento tanto na previsão quanto na execução de meus objetivos ao
longo do tempo. Só uma pessoa insensata, que tem preguiça de pensar e que se
apega a alguma espécie deturpada de ideologia pode imaginar algo em contrário!
Carlos Kleber Carvalho
Teólogo e Cientista Social
Julho de 2016
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