A Loucura não dá mais seu mel


A Loucura não dá mais seu mel


Erasmo de Rotterdam escreveu um conhecido texto no qual satiriza a sociedade do século XVI de forma inteligente e mordaz. Escolhi uma parte que considero bem interessante, o artigo XXI do Elogio da Loucura, titulado de “A loucura é um bem da sociedade”. Leia comigo:

“Podeis observar que, sem mim, até agora, nenhuma sociedade teve atração, nenhuma união foi duradoura. O povo não suportaria por muito tempo seu príncipe, o servo seu senhor, a criada sua patroa, o aluno seu professor, o amigo seu amigo, a mulher seu marido, o empregado seu patrão, o companheiro seu parceiro, o hóspede seu hospedeiro, se não se mantivessem iludidos um em relação ao outro, se não houvesse entre eles enganos recíprocos, adulação, prudente cumplicidade, enfim, a calmante troca do mel da Loucura. Isso pode vos parecer muito. Há muito mais ainda.”

Parece-me que o mel da Loucura não está mais sendo oferecido por aqui, não é mesmo?


Carlos Carvalho

Teólogo e Cientista Social

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