Perplexos
"Tornei-me
inimigo de vocês por lhes dizer a verdade?"
Aos
gálatas 4.16
Todos nós estamos estarrecidos
com os acontecimentos dos últimos anos em nosso cenário político nacional. Não somente
com o que acontece com partidos do Governo, mas também com partidos de oposição
e outros. Não somente com o que acontece com os grandes conglomerados
empresariais que intencionam dominar nossa economia, mas com nossos gestores de
quase todas as instâncias envolvidos por corrupção e desvio de dinheiro
público. De todos os lados estamos perplexos.
Porém, nossa perplexidade não
pode dar lugar a sentimentos de fúria, de ódio ou de vandalismo que em nada
contribuem para as soluções que necessitamos, mas ao mesmo tempo, não podemos
permanecer calados, entregues, imóveis, sem reações ou com um sentimento de que
não há mais o que fazer para mudar o status
quo que se instalou em nossa nação enquanto dormíamos “deitado eternamente
em berço esplêndido” ou fingindo que a política não era a “nossa praia”, enquanto
íamos às praias, sem, contudo, demonstrar real interesse por nossos
legisladores – demonstração de total desinteresse essa que culminou na eleição
de pessoas como Tiririca e outros.
Há saídas, há legislação, há
leis, há Ministério Público, Polícia Federal e Superiores Tribunais em nosso
país. Igualmente, estamos nós aqui, ainda não fomos embora de nossa pátria, ainda
não fomos expulsos dela, ainda não fomos proibidos de irmos às ruas ou de usar
a nossa voz e de usar todas as expressões das chamadas Liberdade e Direitos
Constitucionais. Ainda somos povo, ainda temos uma Democracia (mesmo que
incompleta), ainda temos voto. Não aceitaremos passíveis à destruição da moral,
da ética, dos bons costumes, da Democracia, das liberdades individuais, da
família, da fé e do status de nação livre. Faço minhas algumas palavras de
Thoreau|
“Desejo imediatamente é um governo
melhor, e não o fim do governo. [...] Será que o cidadão deve desistir de sua
consciência, mesmo por um único instante ou em última instância, e se dobrar ao
legislador? [...] A lei jamais tornou os homens sequer um pouco mais justos.
[...] devemos ser primeiramente homens, e só posteriormente súditos.”[1]
Ainda nos resta a desobediência
civil!
Carlos Carvalho
Teólogo e Cientista Social
17 de março de 2016
[1] A Desobediência Civil & Outros Escritos. Henry David Thoreau.-
tradução Alex Marins. São Paulo: Editora Martins Claret, 2001.
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